Publicado por Rafael Higashi
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O uso da Cannabis Medicinal

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Cannabis Sativa é uma planta de origem asiática usada há milhares de anos para a produção de fibras, alimentos e remédios. As plantas dessa espécie podem ser masculinas ou femininas. As flores produzidas pelas fêmeas em sua parte mais alta são ricas em compostos com propriedades medicinais, chamados de canabinoides. Existem mais de 80 tipos de canabinoides. A quantidade e a proporção dessas substâncias em cada planta muda segundo sua variedade genética e suas condições de cultivo.

Os canabinoides mais abundantes e estudados atualmente são Tetra-hidrocanabinol (THC) e o o Canabidiol (CBD). Pesquisas sobre os canabinoides e seu mecanismo de ação ajudaram os cientistas a descobrir um complexo sistema de comunicação entre os neurônios batizado de sistema endocanabinoide Apesar da maconha ser conhecida como droga recreacional pelo efeito do THC, o Canabidiol (CBD), tem mostrado ação contrária, demonstrando efeito medicinal e terapêutico a várias doenças. O CBD é um do 80 tipos de canabinoides presentes na planta Cannabis Sativa, não possui o efeito psicoativo e dependência química como o THC. A substância THC produz seus efeitos conectando-se principalmente nos receptores CB1, receptor mais abundante no cérebro, já o CBD atua nos receptores CB2, presente em vários orgãos inclusive no sistema imune.

O CBD tem mostrado amplo aspecto farmacológico com ação em doenças como Epilepsia, Esclerose Múltipla, Doença de Alzheimer, câncer e Trasntorno do Estresse Pós- traumático. studo da Cannabis em aplicação medicinal O uso de maconha para o tratamento da epilepsia é conhecido há pelo menos 500 anos, mas ganhou maior relevância nos últimos anos, com a repercussão de casos de diversas crianças que tinham dezenas ou centenas de convulsões por dia e conseguiram controlá-las. O efeito anticonvulsivante da planta, revelado em diversos estudos com animais, é produzido pelo canabidiol (CBD), substância que não produz a “viagem” típica da maconha e não causa dependência. Atualmente, um grande estudo clínico está em curso nos EUA para testar a eficácia do CBD no controle de epilepsias raras e sem cura. Em Israel, o programa de maconha medicinal do governo federal autoriza o uso da substância em crianças que não respondem a outros tratamentos, 84% das crianças com epilepsias graves e resistentes a tratamentos reduziram suas convulsões usando extrato de maconha rico em canabidiol, segundo pesquisa de 2013 nos EUA. É nas epilepsias refratárias, ou seja, aquelas que persistem apesar do uso das drogas tradicionais, que o uso da maconha medicinal , o CBD, esta sendo utilizada podemos citar as síndromes epiléticas abaixo: Síndrome de Dravet: epilepsia mioclônica grave, estado febril, ocorre entre 1 a 4 anos de vida, com atraso no desenvolvimento neuropsicomotor, atraso na linguagem e ataxia em 80% dos casos. Síndrome Lennox-Gastaut: forma muito grave de epilepsia, diferentes crises epiléticas recorrentes, frequentes associadas a retardo mental e a um padrão eletroencefalográfico de ponta -onda (1,5 Hz a 2,5 Hz) realizado no sono. Ocorre em crianças de 1 a 7 anos. Síndrome de Doose: apresenta características semelhantes à Síndrome de Lennox-Gastaut, podendo ser evitado o retardo mental com o controle das crises e declínio do desenvolvimento neuropsicomotor. Início entre 2 a 5 anos. A esclerose múltipla é uma doença degenerativa do sistema nervoso que causa dores crônicas, espasmos musculares e perda progressiva dos movimentos e da sensibilidade.

Desde a década de 90, estudos indicam que o uso de maconha in natura ajuda a diminuir diversos sintomas da doença, mas, principalmente, os espasmos musculares e as dores. Pesquisas clínicas mais recentes, com centenas de pacientes, também confirmam a eficácia do Sativex™, extrato natural de maconha, para o controle dos sintomas da doença. A quimioterapia usada para o controle de tumores produz náuseas e vômitos, isto ocasiona perda do apetite e deficiência nutricional, comprometendo a saúde geral do paciente, logo, diminui a chance de sucesso do tratamento contra o câncer. Apesar do THC ser conhecido como droga recreacional, ela pode ter efeito antiemético – substância que inibe enjôo e vômitos – por isso ela tem sido usada em diversos países para pacientes com câncer. A droga também ajuda no controle da insônia, outro problema recorrente entre pacientes com câncer. Medicamentos com THC ou similares são indicados para pacientes de câncer pela Rede Nacional de Câncer nos EUA.

Autor

Dr Rafael Higashi

Dr Rafael Higashi

Nutrólogo, Neurologista

Mestrado em medicina - neurologia no(a) uff.